Operações Legais: as diferentes áreas de atuação dos profissionais


As ferramentas administrativas, gerenciais, tecnológicas e operacionais que servem ao advogado no exercício de suas funções, passaram a ser denominadas Operações Legais, distinguindo as atividades privativas da advocacia das atividades para o seu suporte.

Aprenda mais sobre este tema no artigo de Daniel Mello, nosso head de Soluções em Operações Legais.

 

O que é Legal Operations?


Denominada Operações Legais (Legal Operations), a área estuda, sistematiza e desenvolve as competências organizacionais inerentes às atividades jurídicas, não se confundindo com as atividades da advocacia em si.

O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce (Artigo 2º, Código de Ética e Disciplina da OAB).

De forma geral, alinhada ao Estatuto da Advocacia, a área de Operações Legais visa proporcionar meios eficientes para:

  • A postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos ajuizados especiais;
  • As atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.

Por eficientes, acreditamos que o foco dos profissionais que atuam nestas funções deva concentrar-se em atender da melhor forma possível seus clientes internos e externos, reduzindo custos com suas operações e incrementando a gestão do risco legal.

Portanto, a área de Legal Operations (Legal OPS) atende tantos às atividades de Departamentos Jurídicos quanto aos Escritórios de Advocacia, se propondo a cobrir a integralidade de suas necessidades.

Essa missão tem caráter bastante amplo e, felizmente, cada vez mais surgem legaltechs se propondo a resolver desafios específicos da advocacia, ao mesmo tempo em que as organizações tradicionais também estruturam suas áreas de Legal OPS.

Com isto, expande-se o espaço para que profissionais de diferentes áreas atuem em Operações Legais, na medida em que esta atuação não requer que o profissional seja, necessariamente, um advogado.
 


A experiência do cliente em Operações Legais

 

Como comentamos em nosso artigo A Experiência do Usuário como bússola da transformação digital jurídica, um dos objetivos da inovação jurídica, em nossa visão, é aprimorar a experiência dos clientes internos e externos dos serviços jurídicos. Nesse sentido, ter formação em Direito e/ou experiência prática em advocacia certamente contribui para que o profissional de Legal Operations aprimore sua atuação, mas isto não é um requisito fundamental.

Além disto, em Operações Legais combatemos o estigma de que a tecnologia vai extinguir a prática da advocacia, propondo algumas reflexões para os profissionais da área.

Por exemplo, procuramos sempre estimular que gestores e executivos jurídicos avaliem o quanto suas equipes estão, verdadeiramente, atuando em atividades típicas da advocacia e quanto estão atuando em funções de suporte à advocacia.

Nesse sentido, uma das inspirações internacionais que motivou o surgimento de Legal Operations foi o combate das grandes firmas de advocacia às chamadas non billable hours, ou, em outras palavras, as “horas não faturáveis” aos seus clientes.

Nesse contexto, as firmas americanas começaram a se aprofundar sobre o quanto das horas de trabalho de suas equipes poderiam ser investidas  aos seus clientes, pois estavam cobertas pelos escopos dos contratos de serviços jurídicos, e quantas não se encaixavam nesse requisito.

Ilustrativamente, enquanto um advogado poderia faturar 6 horas a um cliente para elaboração de uma opinião legal, o mesmo advogado pode não faturar 4 horas que gastou para o mesmo cliente com a elaboração de relatórios gerenciais e medidas operacionais.

Ou seja, é preciso devolver ao advogado as suas funções típicas da advocacia, sendo esta uma das vocações mais genuínas de Operações Legais. Nesta perspectiva, absolutamente todos os profissionais que possam colaborar com esse propósito são bem-vindos.
 

Cientistas de dados em Operações Legais


Adicionalmente, quando abrimos as portas de Operações Legais para outras áreas de atuação, asseguramos a melhor experiência possível aos nossos clientes ao contar com profissionais especializados para cada uma das dimensões de atuação.

Por exemplo, cientistas de dados estão revolucionando a forma como  tratamos dados jurídicos em exercícios de Jurimetria, a ciência que contribui diretamente para a área de Operações Legais.

Recordo-me das primeiras vezes em que cientistas de dados me demonstraram, efetivamente, como a prática recorrente de advogados de optarem pela “média” para os cálculos, e não pela “mediana”, resultava em distorções relevantes nos dados finais.

Enquanto advogados que na última década já estavam inovando ao aplicar conceitos de Data Driven em suas atuações, a contribuição dos profissionais de Estatística e Ciência de Dados foi verdadeiramente revolucionária para os resultados práticos em serviços jurídicos.
 

Business design em Legal Operations

 

Em outra abordagem, existem advogados que se tornam verdadeiramente especialistas nas áreas de negócios dos seus clientes, antecipando problemas, participando de estratégias e figurando como um parceiro estratégico de sua organização.

Entretanto, com a chegada dos profissionais de Business Design em Operações Legais, estes advogados podem agora cada vez mais compreender e reavaliar tecnicamente a forma como atendem seus clientes, colocando sua própria convicção em segundo plano.

O Business Designer, ou Designer de Negócios, é o profissional que utiliza princípios do design e as ferramentas de desenvolvimento de negócios em conjunto com o cliente atendido, criando soluções completas para os desafios e necessidades do mercado consumidor.

Combinando as necessidades dos clientes dos serviços jurídicos com habilidades de design, surgem no país os chamados legal designers atuando em desafios incríveis por aí.

Resumo das principais áreas de atuação profissional em Legal Operations

 

Como comentamos, essa metodologia envolve também uma mudança na cultura da área jurídica e há muito o que fazer: inovar é uma obrigação da qual os serviços jurídicos não escapam, e pouco a pouco começamos a observar cada vez mais cases de sucesso.

Assim, dentre as principais áreas que estão se conectando ao universo de Operações Legais, destacamos alguns exemplos de funções:

  • Cientistas de Dados, atuando em projetos de Jurimetria, KPIs e OKRs;
  • Designers, atuando em projetos de experiência do cliente jurídico e Visual Law;
  • Desenvolvedor de TI, atuando em projetos de plataformas de soluções jurídicas;
  • Analistas Financeiros, atuando em projetos de redução de contingências jurídicas;
  • Relações Públicas, atuando em projetos de ESG com conexão jurídica;
  • Business Partners RH, atuando em estruturações de equipes jurídicas;
  • Bacharéis Jurídicos, atuando em atividades paralegais e suporte.

Esperamos que este artigo te ajude a compreender um pouco mais sobre a área de Operações Legais e como você, advogado ou não, pode começar a preparar a sua carreira para atuar na área.

Para os colegas que já ocupam posições de liderança em departamentos jurídicos ou escritórios de advocacia, te convidamos a compartilhar conosco sua visão sobre a transformação digital e o contexto em que a área de Operações Legais vem se estruturando no Brasil, preenchendo a nossa pesquisa no link https://bit.ly/PesquisaOperaçõesLegais.

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Sobre o autor

 

Daniel I. P do Amaral Mello, advogado, especializado em Operações Legais, Inovação Jurídica e Governança Corporativa, MBA em Economia e Gestão Empresarial na FIA-USP, Head de Soluções em Operações Legais da Finch.